
Na cidade abandonada um julgamento aconteceu
Suja, cheia de teias, com calçadas vazias
Num tribunal lá estava a culpada...uma caneta
Cuja tinta manchava o papel que estremecia
Caneta o que tens a dizer em sua defesa
Sou inocente assim dizia, é a mão a culpada
Convidaram então a mão para dar sua palavra
Sou membro de um corpo, sem a alma não sou nada
Sentou a alma olhando os interlocutores que já a condenavam
A punição assim começava
És culpada de tantas coisas...amaldiçoastes uma cidade
Cada sete dias uma missa irá rezar, serão de sete dias pra cidade despertar
Na caneta que escreves tinta de sangue colocastes
Manchas nos papéis que caíram eram balas de verdade
A cada sete dias um habitante as recebeu
Matastes culpados e inocentes com sua influência e poder
Seu desejo de matar era tanto, não mataste apenas na escrita, mas de forma literal
Tirastes qualquer possibilidade de diálogo...arma te tornastes
No arco flechas, palavras envenenadas, que em raio dizimou
Seu exército era poderoso, de boca em boca, um ponto aumentou
Na cidade nada existe apenas a lembrança
Um dia a felicidade ali morou
Uma cidade feita de paz e alegria
Você dizimou
Com o céu sem estrelas os corações ficaram sem sonhos
Não houve tempo das lágrimas lutarem pelos brotos no chão
Cada sete dias vá pedir para Deus nosso Senhor
Dar recheio e conteúdo nas palavras de paz dos escritores
Palavras fermentam os pães de todos os dias
Rosalina G. R. Herai
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